terça-feira, 18 de outubro de 2011

Perder alguém querido



Não há palavras para expressá-la. 
Não há livro que a descreva. 
Por isso, o melhor jeito de consolar é falar pouco, orar junto, 
sentir junto e estar presente, cada um do jeito que sabe.
Palavras não explicam a morte de alguém querido. 
Sabem disso o pai, a mãe, os filhos, os irmãos, o namorado e a namorada,
o marido e a mulher, amigos de verdade.
Quando o outro morre, parte do mistério da vida vai com ele. 
A parte que fica torna-se ainda mais intrigante.
Descobrimos a relação profunda entre a vida e a morte quando alguém 
que era a razão, ou uma das razões, de nossa vida vai-se embora.
Para onde? Para quem? Está me ouvindo? 
A gente vai se ver novo? Como será o reencontro? 
Acabou-se para sempre, ou ela apenas foi antes? 
Por que agora? Por que desse jeito?
As perguntas insistem em aparecer e as respostas não aparecem claras. 
Dói, dói, dói e dói…
Então a gente tenta assimilar o que não se explica. 
Cada um do jeito que sabe. 
Há o que bebe, o que fuma, o que grita, o que abandona tudo, 
o que agride, o que chora silencioso num canto,
 o que chama Deus para uma briga, o que mergulha
no fatalismo e o que, mesmo sem entender ou crer, aposta na fé.
Um dia nos veremos de novo… enquanto este dia não chegar, 
entes que eu amo sei que me ouvem e oram por mim, lá, junto de Deus. 
Para eles a vida tem, agora, uma outra dimensão. 
Alcançou o definitivo.
Quem fica perguntando e sofrendo somos nós. 
Mas como a vida é um riacho que logicamente deságua,
a nossa vez também chegará e,
 quando isso acontecer, então não haverá mais lágrimas. 
As que aqui ficaram chorando terão a sua explicação. 
Por enquanto, fica apenas o mistério. 
Alguém que não sabemos por que nasceu de nós e por que cresceu em nós,
por que entrou tão de cheio em nossa vida, fechou os olhos e foi-se embora.
Quem ama de verdade não crê que se acabou. 
A vida é uma só: começa aqui no tempo e continua,
 depois, na ausência de tempo e de limite. 
Alguém a quem amamos se tornou eterno. 
E essa pessoa já sabe quem e como Deus é. 
E também sabe o porquê de sua partida. 
Por isso, convém falar com ela e mandar recados a Deus por meio dela.
Se ela está no céu, então alguém, além de Deus,
 de Jesus e dos santos, se importa conosco. 
Definitivamente, não estamos sozinhos, por mais que doa a solidão de havê-la perdido. 
Mas é apenas por pouco tempo. 
Quem amou aqui, sem dúvida, se reencontra no infinito…
Pe. Zezinho

~ Italo - 22/02/1988 - 17/10/2006 ~


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